Causou grande eco na comunicação social a notícia de que o
atleta Nelson Évora e amigos teriam sido impedidos de entrar numa discoteca por
haver “demasiados negros no grupo”.
Porque vivemos num mundo de modas, e, arrefecida que está a
moda da homofilia, é agora a vez do anti-racismo.
Saudando desde já o fair-play e inteligente humor do Dani
Alves e da sua banana, o incidente com o grande Nelson Évora convida a um
prudente raciocínio sobre estas questões de raças e segregações.
Não devemos perder tempo a questionar o mérito das decisões
políticas de proibir segregações em funções de diferenças, sejam elas étnicas,
religiosas, sexuais ou de qualquer outra natureza. O princípio e o direito à
igualdade é uma das maiores conquistas da civilização, e como tal deve ser
entendido e respeitado, mas sem excessos insensatos.
A verdade é que, todos por igual, têm direito de associação,
escolhendo com quem o fazer.
Ideologias políticas, clubismos, religiões, regionalismos,
tendências sexuais, moda, identificação cultural, são factores de selecção e
agregação na maioria das associações, institucionais ou eventuais, de todos
nós. Tal como a raça.
A verdade é que no atletismo português há milhares de
atletas, e sem consultar estatísticas, não tenho dúvidas de que a maioria será
de raça branca, pelo que, em termos de probabilidade matemática, o grupo do
Nelson Évora, deveria incluir tantos ou mais brancos que negros. Isso não
aconteceu, por que a constituição do grupo foi feita no uso dum legítimo
critério do Nelson, que seleccionou quem muito bem entendeu para o seu grupo,
deixando todos os brancos de fora.
Os porteiros deste tipo de estabelecimentos são, por
definição, fabricantes de discriminação, mas essa sua função, duma forma geral,
nunca foi contestada ou publicamente avaliada, a não ser em casos de violência.
Quer isso dizer que se o grupo tivesse sido barrado por falta de gravatas, ou até
smoking, por ter mais homens que mulheres, mesmo por ter “mau aspecto”, critérios
legitimados pelo uso diário em montanhas de sítios, tudo seria normal.
O porteiro limitou-se a opor ao critério de selecção do
grupo usado pelo Nelson, o seu critério de selecção da frequência do
estabelecimento, de acordo com aquilo que ele entendeu interessar ao patrão e
seu negócio.
Incidente que toda a gente é obrigada a condenar, até porque
o porteiro poderia ter usado qualquer outro da sua bateria de pretextos para
atingir os fins pretendidos, sem a exposição a que se sujeitou.
Esqueceu-se o porteiro que neste fluir de modas, a
hipocrisia é a única que nunca passa.
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