sexta-feira, novembro 18, 2011

Reduzir salários?


Mas onde raio é que os Troikos jantaram? 

É que a hipótese de um jantar bem regado é a melhor forma de explicar a loucura da proposta de  cortes políticos nos salários privados.

(Finalmente um assunto em que estou à vontade para comentar, livre do condicionamento habitual de toda a gente considerar os cortes que lhe mordam no bolso como os mais injustos e não prioritários. Não recebo salários privados – nem outros)

O corte proposto teria o condão de juntar o inútil da redução das receitas fiscais (fala-se em 2000 milhões) com o desagradável de acentuar a já grave recessão.

Compreende-se a intenção – tornar a economia mais competitiva – mas não será por aí.

A verdade é que as leis do mercado, provavelmente, irão mesmo forçar essa redução sem envolvimento administrativo, pois basta a lei da oferta e da procura, no actual quadro de alto desemprego e baixo investimento, para qualquer gestão de recursos humanos minimamente competente baixar (ou manter, o que em ambiente inflacionário é a mesma coisa) os custos com pessoal.

Tratem de alterar as leis do trabalho, no sentido de flexibilizar o emprego, de reforçar a responsabilidade social e o acesso ao crédito para as empresas, e de credibilizar a justiça, e deixem o País trabalhar.

Em 2008 tive o atrevimento de sugerir 10 “medidas loucas” para a recuperação económica. Estamos mais perto... mas mais pobres e limitados. Um destes dias recupero e actualizo essas medidas, mas, entretanto, elas ainda estão disponíveis lá para trás, em "Floresta devastada" e "As árvores que tapam a floresta" continuam a ser cortadas!

domingo, outubro 16, 2011

A gripe diarreica

É verdade que Um azar nunca vem só. 

Estava Portugal gravemente enfermo com uma diarreia (alguns falavam até em disenteria) quando foi contagiado pela epidemia de gripe que grassa pelo mundo. O efeito combinado das duas infecções (perdão... infeções) foi uma febre financeira altíssima, que os médicos da Policlínica Socialista não conseguiram curar, obrigando a substituir o corpo médico pelo da Policlínica dos Serviços Desesperados.

O problema é que os novos médicos, continuam a não ligar às infeções (ou será ainda infecções?), preocupados apenas com a febre, e mantendo o receituário, limitam-se a aumentar as doses. Esquecem-se que  nos efeitos secundários da terapêutica antipirética lá está - "risco acentuado de diarreia".


Parem, por favor, ou qualquer dia é só merda neste País!

sábado, outubro 08, 2011

Cãomícios


Só me faltava mais esta – o meu cão dedicou-se à política.

Depois de dois anos de algum sossego, o quintal tornou-se um reboliço, com cães de variada proveniência a envolverem-se na mais acesa discussão.
Tal como os humanos, eles passam a vida a correr uns com os outros, mas acabo por constatar que estão lá sempre, e são sempre os mesmos. Já os vou conhecendo, e o que mais me preocupa é o preto. Durante vários dias assumiu a pose do não político, de quem estava ali apenas acidentalmente e de passagem.Sempre que o via... ia a sair, mas mal eu virava costas retomava o lugar e estava sempre presente. Agora largou o disfarce, assumiu-se como dono da pasta, e quando fui fazer a foto deu-se ao atrevimento de me ameaçar com uma rosnadela. 

Não é só aos homens que o poder faz mal!

Tanto quanto sei, dedica-se à colecção de sapatos, como me apercebi quando o meu vizinho Pedro se veio queixar que lhe tinham desaparecido três pares de sapatos que pusera a arejar à porta da cozinha. Um deles lá ia na boca do preto (de saída, claro!), a caminho do álbum, do arquivo, ou lá do que ele usa. Seguimo-lo, para tentar recuperar os outros, mas nada feito – na sua zona de influência limitámo-nos a encontar cinco sapatos esquerdos, todos diferentes, e nenhum do meu vizinho. (Preocupou-me esta extrema obsessão pela direita, e mais agora com a sua atitude agressiva. Era o que me faltava era um cão nazi no quintal!)

O malhado é tipicamente um cão do aparelho – ocupa sempre as últimas filas, não dá nas vistas, segue discretamente atrás dos lideres, mas, quando os apanha distraídos vai sorrateiramente à gamela e faz pela vida. Tem futuro!

Outro que me preocupa é o castanho claro – nunca lhe vi os dentes ou os olhos, pois sempre se esconde atrás dum vaso, duma planta ou do que pode. Eu sei que é politicamente incorrecto misturar política com ladroagem, mas com a vaga de assaltos aqui na zona, começo a ter suspeitas sérias sobre o bicho.

Ontem a coisa complicou-se: a Fernanda tinha posto um par de havaianas à porta da garagem, e no fim do cãomício só lá estava a esquerda, como era de esperar. Exortou-me a pegar no cabo da vassoura e dissolver a assembleia, mas estou hesitante... Com a rapidez com que os políticos humanos nos arrastam para um futuro abaixo de cão, quem me diz que daqui a alguns meses não terei de meter uma cunha ao preto para me arranjar um par de sapatos? Mesmo que sejam dois esquerdos, que não lhe fazem falta na colecção?

Não! A hora é de prudência – vou é comprar mais ração (acho que ainda há!)

sexta-feira, julho 08, 2011

Obrigado Moody's

Anda tudo excitado com a maldade da Moody’s ao enviar-nos para o lixo. Ao contrário da moda, eu tenho que felicitar a agência de rating – Obrigado Moody’s. Há anos que venho escrevendo sobre a destruição da classe média europeia e americana pelo liberalismo desenfreado, que entregou o controlo de países e economias ao dinheiro sem pátria nem rosto, e seus detentores.


Agrada-me ver agora a indignação dos políticos, que parecem finalmente atentos ao problema, e dispostos a discutir alternativas. O meu receio é que – dinheiro manda – tudo não passe de epidérmicas reacções de “virgens ofendidas” para parecer bem nos telejornais.
Entretanto... obrigado Moody's, já podem ir bugiar.

sábado, julho 02, 2011

PEC 4 (ou 5?)

Discute-se hoje a redução da Taxa Social Única para as empresas, compensada por um agravamento de impostos.
Tinha a vaga ideia de já ter ouvido falar disso, pelo que fui verificar leituras e achei. Era assim:

1 – Aumento do IVA, na União Europeia, em, pelo menos, 5% (calma! Esperem pelo resto);

2 – Aumento simultâneo, na mesma percentagem, de salários, pensões e rendas habitacionais;

3 – Contabilização desse aumento de IVA como receita da Segurança Social (com mais uma tranche variável, a definir por cada país);

4 - Redução das contribuições das empresas para a Segurança Social para um valor entre 0 e 10%, a definir abatendo aos 10% o resultado do quociente entre o peso salarial no volume de negócios da empresa e o respectivo leque salarial;

Tentei saber quem era o autor, e... surpresa! Era eu, neste mesmo blog! Em finais de 2008, quando a família me acusava de catastrofista por reiterar os avisos de que a crise, de que já era moda falar, ainda nem tinha chegado.
Agora já começou a chegar, mas ainda não começou a ser resolvida, continuando as políticas remendonas.
Começa a ser pertinente outra pergunta: 
Terá mesmo solução?

quinta-feira, junho 30, 2011

Carta aberta ao Dr Durão Barroso

Exmo Dr Durão Barroso

Tive o grato prazer de ver Vexa na televisão à beira de marcar um golo de bandeira, acabando frustrado por, afinal, ter sido apenas uma bola na trave. Foi pena!
No sufoco financeiro, gostei de o ouvir dizer que se poderiam reequacionar os fundos estruturais para ajudar ao saneamento das contas públicas. Perfeito!

Ouvi-o hoje explicitar melhor, esclarecendo que se trata apenas de majorar a componente europeia do investimento, em detrimento da componente nacional. Bolas!

É sabido que muito do endividamento público resultou da obsessão de, durante décadas, estimular os Portugueses a planear grande (e caro) para “ir buscar” a maior parte possível de fundos que o normal funcionamento do País não conseguiria justificar e receber.

De Norte a Sul construíram-se elefantes brancos onde galinhas serviam na perfeição, não havendo hoje aldeola ou bairro sem centro cultural, pavilhão multiusos, piscina olímpica e outros sonhos lindos por pagar.

Usar os fundos comunitários para corrigir o endividamento a que nos conduziu a cegueira de políticos inebriados pelos fundos fáceis, seria uma bênção para o Povo, se necessário e possível apresentando aos políticos responsáveis a factura da sua incompetência.

Usar esses fundos para convidar políticos e autarcas a continuar a gastar o que não têm, mesmo que passe a ser 5 ou 10% menos, um risco que dispensamos.

Lamento!


domingo, maio 29, 2011

Parabéns Turquel

A RTP, a SIC e a TVI perderam ontem uma excelente oportunidade para mostrar ao País um outro Portugal, aquele de que desejamos e devemos gostar, mas que, as incidências do dia a dia tornam cada vez mais raro e circunstancial.

E tudo se limitou a um jogo de hóquei em patins. Mas um jogo diferente!

Estava tudo em causa – Turquel e Almeirim disputavam, em partida decisiva, o acesso à primeira divisão – e as populações mobilizaram-se: de Almeirim chegou a Turquel o pedido de reserva de umas centenas de bilhetes.

Só que em Turquel não se emitem bilhetes – as entradas são habitualmente livres, e o clube vive da generosidade entusástica dos seus adeptos (magnífica originalidade!).

Como satisfazer o pedido dos amigos de Almeirm?

Excepcionalmente, emitindo bilhetes, e reservando os solicitados, avisando os turquelenses da excepção, os quais ordeiramente, entenderam a situação e fizeram fila para garantir o ingresso.

Depois o jogo.

Num País onde estádios megalómanos por pagar se abrem, esporadicamente, para exibir os milhares de cadeiras multicoloridas e vazias, um pavilhão, feito com o suor do povo, transbordou de entusiasmo e disciplina.

Duas claques, qual delas a mais exuberante e aguerrida, respeitaram-se mutuamente, apaludindo os seus atletas e os adversários, antes e no final do jogo.

O grande nervosismo era da GNR, preocupada com o que poderia ser o jogo, se as pessoas se portassem da forma comum no desporto que a TV nos mostra, mas ela própria esteve à altura das necessidades, travando alguns entusiasmos que prenunciavam excessos, controlando movimentações, mas sempre de forma contida e discreta.

Só um seria o vencedor, o outro estaria condenado ao... quase.

Calhou a sorte ao Almeirim, com um empate justo, pois ninguém merecia perder (parabéns Almeirim), mas Turquel foi mais uma vez campeão do fair-play, confirmando que o desporto é coisa que se pode e deve viver.

Não, senhores da TV... não se passou na Lua! Foi em Portugal, e com alguns dos portugueses com que se pode contar para reconstruir um País en cacos.

Foi em Turquel. Sabem onde é?

quarta-feira, março 09, 2011

Tomada de posse

Toma hoje posse o 7º Presidente da 2ª República Portuguesa, Cavaco Silva II, num momento difícil do País. Depois de meses de silêncio (num elegante esforço para não se pronunciar sobre o mandato do seu antecessor, Cavaco Silva I), o País aguarda com ansiedade o discurso que revelará a forma escolhida pelo novo presidente para pôr fim à desgovernação dos últimos tempos, e à falta de autoridade do Governo.

Basta lembrar que ainda há dois dias, o Primeiro-Ministro convidava para jantar um grupo de jovens, enquanto a sua segurança os expulsava à força. Pergunta-se como poderá controlar um país, um Governo que não consegue controlar a sua própria segurança?

Ao Presidente Cavaco Silva II os votos de sucesso, e que consiga acabar o Carnaval político português nesta quarta-feira de cinzas.

sábado, fevereiro 12, 2011

Exmo Dr Alberto João Jardim - Urgente

Estava eu a tentar compreender o dilema do PSD, que não quer este Governo nem o seu derrube, quando ouvi Vexa a dar-me a solução - "O PSD está disposto a votar uma moção de censura mas não ESTA moção de censura.".
Agradecia que me informasse onde se pode adquirir uma moção votável pelo PSD, que eu vou lá comprar uma e tentar convencer o dr Louçã a trocar.


Com os meus respeitosos cumprimentos


PS - Não exijo qualquer recompensa, mas se houver lugar numa empresa pública onde seja útil uma pessoa com a minha eficiência, estou disponível para apreciar qualquer convite

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Trovas do Vento na Praça

Pergunto ao vento que passa  
notícias do meu país
e o vento traz-me a desgraça
que o Manel Alegre quis.


Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que falhei no meu país.


Pergunto à gente que passa
por que não vai votar não.
Silêncio — é tudo o que tem
quem vive na depressão.


Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas não me quer aturar.


Mas há sempre uma candeia
iluminando a desgraça
há sempre alguém que receia
votos perdidos na praça.


Mesmo na noite mais triste
em tempo de frustração
há sempre alguém que resiste
por uma Nobre intenção.
...
há sempre alguém que desiste
há sempre muita abstenção.