Mas onde raio é que os Troikos jantaram?
É que a hipótese de
um jantar bem regado é a melhor forma de explicar a loucura da proposta de cortes
políticos nos salários privados.
(Finalmente um assunto em que estou à vontade para comentar,
livre do condicionamento habitual de toda a gente considerar os cortes que lhe
mordam no bolso como os mais injustos e não prioritários. Não recebo salários
privados – nem outros)
O corte proposto teria o condão de juntar o inútil da redução
das receitas fiscais (fala-se em 2000 milhões) com o desagradável de acentuar a já grave recessão.
Compreende-se a intenção – tornar a economia mais
competitiva – mas não será por aí.
A verdade é que as leis do mercado, provavelmente, irão
mesmo forçar essa redução sem envolvimento administrativo, pois basta a lei da oferta e da
procura, no actual quadro de alto desemprego e baixo investimento, para qualquer
gestão de recursos humanos minimamente competente baixar (ou manter, o que em
ambiente inflacionário é a mesma coisa) os custos com pessoal.
Tratem de alterar as leis do trabalho, no sentido de
flexibilizar o emprego, de reforçar a responsabilidade social e o acesso ao crédito
para as empresas, e de credibilizar a justiça, e deixem o País trabalhar.
Em 2008 tive o atrevimento de sugerir 10 “medidas loucas”
para a recuperação económica. Estamos mais perto... mas mais pobres e limitados. Um destes dias recupero e actualizo essas medidas, mas, entretanto, elas ainda estão disponíveis lá para trás, em "Floresta devastada" e "As árvores que tapam a floresta" continuam a ser cortadas!