quarta-feira, dezembro 30, 2015

Banco - eficaz instrumento de ruína


Durante anos, os bancos arrastaram milhares para a ruína, vendendo ilusões que convenciam a pedir e gastar aqueles que de facto não o podiam fazer.

Quando chegou a hora de assumir os custos dessa prática, arruinaram mais alguns milhares, transferindo o ónus dos seus abusos para os outros - os que não se deixaram iludir, e geriram os seus recursos à medida das disponibilidades, sem esperar a traição dum sistema cuja lógica assenta na confiança. 

Mas, aos olhos do público, os criminosos visíveis são os funcionários, que, pressionados por objectivos e pelo risco e perder empregos, foram forçados, anos a fio, a vender aos balcões gato por lebre, enquanto os patrões se acautelavam nas off-shores.

Bancos - centrais de crime que ninguém consegue punir.

terça-feira, outubro 06, 2015

Vem aí novo Governo

- Oh Costa, preciso de falar contigo.
- Sobre quê?
- Ouviste o chefe?
- O teu chefe?
- O nosso. Também tens que o gramar.
- Então e depois?
- Temos que nos entender.
- Ah bom. Está na hora de me vires comer à mão.
- Deixa-te de basófias que quem ganhou fui eu.
- Pronto. Vai lá exibir a taça, e deixa-me sacudir estes gajos que me estão a ferrar nas canelas.
- É isso, pá! Eu posso ajudar-te com esses gajos.
- Como?
- Se tu garantires ao chefe que não me vais estorvar, eu posso ocupar algumas dessas feras para te deixarem as canelas em paz.
- E como?
- Eu prometi ao Paulo meter um boy dele por cada 4 meus. Podíamos combinar, por exemplo, um dos teus por cada dois do Paulo.
- Pensas que eu sou totó ou quê? Tu agora precisas mais de mim do que do Paulo.
- OK. Um por um.
- Não me vendo por tostões: um meu por cada dois teus.
- És tonto! Quem é que segurava o Paulo?
- Pensa Pedro! Tu nunca o seguraste, e da forma que ele precisa de ti, o mais que arriscas é uma daquelas decisões irrevogáveis durante um quarto de hora.

- Não tinha pensado nisso! Vou falar com o chefe, e amanhã volto a ligar

sexta-feira, agosto 21, 2015

Obrigado Vodafone

Estive em Espanha com um telefone pré-pago, pelo que fiquei abrangido pela obrigação de pagar roaming.
Em vez de debitar esse custo no saldo pré-pago do cartão, a Vodafone opta, por razões que desconheço, por enviar uma factura suplementar.
Foi, assim, que recebi pelo correio uma factura para pagar sete cêntimos de roaming.
FAZ SENTIDO:
A Vodafone enviou-me três páginas muito bem impressas, com o detalhe das parcelas que somam os 7 cêntimos, instruções claras sobre a forma de incluir o cheque e dobrar, e, mais simpático ainda, sem necessidade de selo.
Feitas as contas, eu terei apenas de custo 57 cêntimos, somando o cheque e a dívida. Pelo seu lado, a Vodafone pagará os 90 cêntimos de correio, e mais um valor indeterminado do custo das 3 folhas impressas e da mão de obra associada, o que atirará seguramente, para uma despesa total bem superior a um euro.
Tomando por baixo, significa assim que uma dívida de 0.07 € gera um movimento económico global de cerca de 1.60 € ou seja, tem um factor multiplicador na economia de mais de 22 vezes.

HAVERÁ FORMA MAIS INTELIGENTE DE DINAMIZAR A ECONOMIA NACIONAL?

quinta-feira, agosto 13, 2015

Bora ir


Estão a chegar as vindimas da Badula.  Quem quiser treinar inglês pode ver o convite no site do Virtualtourist, mas a festa é bem portuguesa e aberta aos amigos, e é bom sentirmos que aquelas maravilhas com que eles vão coleccionar prémios internacionais, têm também 0.0000...% das nossas mãos.


Eu vou. E tu?

quarta-feira, julho 15, 2015

Συγγνώμη

Que desagradável sensação!
Enquanto jantava, tinha a tv sintonizada na TVI24, que ia passando imagens do caos em Atenas.
De repente, dei pelos gregos a olhar para mim e a esconderem a cara, instintivamente.
Puxando camisolas, usando lenços, chapéus ou apenas as mãos, o importante era que eu não lhes visse a cara.
Senti-me algo entre o voyeur e o PIDE, mas o jornalista não ouviu o berro que lhe mandei para que desviasse a câmara.

Caramba!

Entre mostrar um desfile de caras esquivas e desconhecidas ou outro de costas igualmente desconhecidas, seria que a reportagem ficava assim tão prejudicada?
Συγγνώμη amigos gregos desconhecidos!

quinta-feira, abril 30, 2015

Greve da TAP


Deixem ver se eu entendi:
Um punhado de empregados da Tap vai impedir de trabalhar cerca de 10000 colegas, durante 10 dias, como medida de força para se tornarem patrões deles. É isso? 

terça-feira, abril 14, 2015

Reposições

Sou fã das reposições.
Nos meus tempos de jovem estudante, os filmes estreavam-se no S. Jorge, Monumental, Império, ou qualquer outra das conhecidas catedrais do cinema, onde tínhamos que puxar por 7 ou mais escudos para o 2º balcão, única zona a que um estudante se atrevia.
Pouco tempo depois, surgia a reposição, no Imperial, Lis, ou Chiado Terrasse, a menos de metade do preço, com a aliciante do tenebroso Jornal de Actualidades ser substituído por outra longa-metragem, muitas vezes não menos interessante. Perdia-se o Bugs Bunny ou Woodpecker, mas o saldo era francamente compensador.
Ontem fui almoçar a um (bom) restaurante de amigos, onde dei por mim a reflectir sobre reposições.
A televisão tinha, de facto, em reposição no Telejornal o tema dos salários baixos, com Passos Coelho a tactear eventuais alterações relevantes para a economia dos votos, e CGTP e BE no habitual coro de denúncia da miséria dos salários, “fácil” de resolver pelo Governo, se quisesse: um Decreto-lei, Portaria, ou Despacho, fosse lá o que fosse, e os salários poderiam subir ao céu, passando até os alemães.
Claro que, poder é poder, e na servil televisão lá apareceu um oportuno estudo com a óbvia relação entre salários e produtividade, esmorecendo sindicalistas e bloquistas, e dando aos patrões incompetentes argumentos para fazer correr mais os empregados, a troco de poucos tostões.
O que é que isto tem a ver com o meu almoço?
Entrámos no restaurante, com muita gente, e fomos autorizados a escolher uma das duas mesas vagas, ambas com louça suja, sinal de recente utilização. Aguardámos uns minutos, mas o único empregado na sala não nos ligou nenhuma.
Percebemos porquê quando a porta da cozinha se abriu, e uma jovem simpática se dirigiu à nossa mesa, cumprimentou, e começou a recolher a louça. Arrebanhou o que pôde, e voltou à cozinha.
Na 2ª viagem retirou o resto da louça suja, deixando na mesa um conjunto de pratos e talheres não usados pelos anteriores clientes, levando-me a presumir que os iríamos “herdar”.
Errado! Na 3ª viagem levou tudo, incluindo a toalha, já algo manchada.
Na 4ª viagem trouxe e estendeu uma outra toalha de pano limpa (bem visto!)
Na 5ª veio então a nossa ferramenta, ficando a mesa pronta, pelo que, na 6ª viagem nos presenteou com a lista.
Foi embaraçoso escolher, pois parecia tudo bom, e bom se confirmou o que, na 7ª viagem da jovem escolhemos, tendo a refeição decorrido muito bem.
Pois… Mas o que é que isto tem a ver com salários?
Na 1ª viagem, a jovem podia ter trazido um tabuleiro, para onde recolhia tudo, inclusive a toalha.
Na 2ª viagem viria a lista e a toalha limpa, que ela estenderia depois de entregar a lista à cliente.
Na 3ª viagem chegaria a louça limpa, e seria recolhido o pedido.
Ou seja, antes de nos pôr a comer, a jovem andou muito, e deve sentir-se mal paga por todo esse esforço. Mas se todos andarem o dobro do que é preciso (ou mais, como neste caso), os patrões vão precisar do dobro do pessoal, e, forçados a vender a excelente Raia à Lagareiro pelos 6.50€ que a concorrência impõe, só conseguem pagar a cada um metade do que talvez pudessem pagar, se eles fizessem o mesmo serviço com metade do esforço.  

PS – Compreendo a dificuldade das contraditórias pressões sobre os sindicatos: o desemprego leva-os a forçar o subemprego, e as consequências da reduzida produtividade convida ao coro dos baixos salários.

O estupor da Economia é que não vai em conversa nem cantigas…