Devo confessar que depois de terem sido o epicentro de
muitos dos meus temores a ansiedades durante a juventude, as igrejas são hoje um
lugar onde ainda entro com respeito e contenção, mas fundamentalmente numa
perspectiva turística. No entanto, sempre que as vicissitudes da vida me lá
conduzem, para acompanhar casamentos, baptizados ou funerais, não deixo de
dedicar às práticas a que assisto a maior atenção.
Confirmando o conservadorismo que é timbre da instituição,
muito pouca coisa muda entre cada visita, cingindo-se as mudanças quase
exclusivamente às cantigas necessariamente mal cantadas.
Voltei para um funeral com missa. Sabendo que razões
higiénicas tinham levado a convidar os fiéis a abandonar a tradição de beijar o
pé do simpático bonequinho a que chamam “O menino Jesus”, e depois do meu
padeiro passar a ser obrigado a embrulhar a mão em plástico para me vender as
carcaças, tinha a curiosidade de verificar se a ASAE não teria exigido aos
párocos que fizessem o mesmo para distribuir a comunhão. Não senhor, o respeito
é muito bonito, e micróbio de padre é muito mais santo que micróbio de padeiro.
Ainda bem!
Uma coisa me baralhou – uma oração dizia: “recebei as suas
almas, e levai-as à presença do Senhor”. Pensava eu que as orações se dirigiam
directamente ao Senhor, mas, não, parece haver um intermediário. Tenho que
voltar ao catecismo!