segunda-feira, maio 17, 2010

Terás à solta

Há dias irritei-me com um terá.


Não que eu seja muito de irritações, não que um terá seja suficientemente importante para justificar irritações, mas um terá fora do seu ambiente natural é sempre susceptível de causar alergias, ou outro tipo de irritações.

O terá (e os seus primos estará, será, pensará, e outros familiares) é um ente insidioso, abusado sem direito a queixa por parte jornalistas cobardes e seus derivados, quando decidem verter publicamente palavreado injurioso, sem assumir a respectiva responsabilidade.

Mais que construir uma notícia, o terá constrói a imagem do jornalista.

Até que chegou a pulga.

A pulga terá nascido num terreno baldio anexo ao centro de formação que dirijo. A Câmara Municipal terá intenções de o arranjar, mas ainda não terou. À falta de um estacionamento que a Câmara terá intenções de criar, mas ainda não criarou, alguns colaboradores e alunos deixam o carro nesses terrenos. Um dia, a pulga, terá aproveitado a boleia de alguém, e terá, na companhia de algumas amigas, visitado o centro, onde terão sido muito mal recebidas, e se terão vingado à dentada.

Alertado para o facto, o director eu, terá esquecido o jornalista, e não terá tentado morder nem cão nem pulga, dado, por um lado, a dificuldade de agarrar os câes vadios que as pulgas terão contratado para se passear no exterior, e por outro a dificuldade de acertar na pulga com uns dentes já algo desgastados por muitas décadas de uso.

Tal esquecimento terá suscitado a raiva dum escriba dum pasquim local, que terá aproveitado a conversa com um aluno para bolçar o terá que me terá irritado:

“ O director não terá feito tudo…” , dado que, apesar da Delegação de Saúde ter afirmado que sim, se limitou a suspender a actividade durante a tarde, desinfestar o edifício e arredores, e resolver o problema, quando, no entender do aluno e do jornalista seu seguidor, a pulga justificava umas muito mais longas férias extraordinárias.

O jornalista terá revelado maior dificuldade em ler do que escrever, dado que não terá conseguido sequer ler o que ele próprio terá escrito.

Terá, ainda, revelado falta de argúcia e inaptidão para o jornalismo de investigação, ao esquecer-se de perguntar ao tal aluno durante quanto tempo costuma manter fechada a sua residência quando tem o azar de alguém levar para lá uma pulga.

Terá, no entanto, demonstrado uma excelente capacidade de defender férias adicionais, o que, no país bisonho em que Portugal se terá tornado, será valor a acarinhar.

Poderá, portanto, contar com todo o meu apoio, para transferência para um meio de comunicação de maior impacto, sei lá… TVI… Correio da Manhã, onde poderá dar outra expressão aos seus terás.

E é com jornalismo desse que Portugal se fazerá, e terá direito ao respeito do mundo.

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