quinta-feira, outubro 14, 2010

A Greve Geral

Aí vem a esperada greve geral. Depois de anos a definhar, o sindicalismo português recebeu de bandeja esta oportunidade única para fazer de conta que ainda existe.


Ninguém tem dúvida que a greve se anuncia um sucesso – o nível de insatisfação e irresponsabilidade que se instalou entre nós não pode levar a outro resultado que não seja a paralisação quase total do País. Com sucesso?

Bem…

Há esse risco – é do domínio público que bastou a ameaça de paralisação para as polícias conseguirem um estatuto de privilégio relativamente ao restante funcionalismo público. Há, de facto, a possibilidade de um governo desorientado ceder às pressões, e embarcar numa política de nuances e excepções como as previstas para as SCUT, sacrificando a equidade e a justiça social à menor ou maior capacidade em agitar os media dos diferentes grupos profissionais, regionais ou outros. Uma política casuística por encomenda ou pressão, é o que falta para desacreditar em absoluto um regime que há muito perdeu a confiança e o respeito dos Portugueses.

Mas há a esperança de que, dada a tremenda gravidade da situação do País, a greve seja inconsequente, nada mais representando que uma maciça demonstração do óbvio – “Os Portugueses estão fartos desta situação”. Se assim for, então a greve, nada resolvendo como seria de esperar, terá o mérito de ser mais uma, de ser mais um povo europeu a dizer na rua aos seus governantes que isto não vai lá só com medidas técnicas de rapinanço de salários, e que urge procurar alterações de fundo na regulamentação da economia que salvem o que de melhor a Europa soube construir no século passado – a Economia Social.

Sem comentários: