sexta-feira, outubro 26, 2012

O privado é que é bom

Nos remotos anos de 1973, estava eu e companheiros numa operação de 6 dias nas matas do Zaire, quando recebi uma mensagem para parar com a guerra, pois motivos urgentíssimos impunham o meu regresso imediato ao quartel.

Cumpri, e ainda bem – tinha vindo um recibo de 16$00 (8 cêntimos, que na altura era dinheiro, dava para comprar quase 4 litros de gasolina), relativo a um serviço que eu fizera ano e meio antes, e, se eu não voltasse a tempo de o assinar antes do MVL, já iria chegar a Luanda na semana seguinte, imaginem!

Alguém mais crítico (não o meu pessoal, que aceitou sem protestos regressar do mato), aproveitou para censurar a burocracia do Estado, achando ridícula uma situação que, no sector privado, nunca poderia acontecer. Claro que não.

Vejam o contraste:

Este verão, a minha mulher fez, de Espanha, uma chamada num telemóvel pré-pago da Vodafone.

Em Setembro recebi uma carta da companhia a debitar 50 cêntimos de roaming.

Faz sentido: um ou mais funcionários para emitir a factura, a meter num envelope que mesmo com selo talvez não chegue a custar os 50 cêntimos, e eu lá me confrontei com os códigos para pagar os 0.50€ no homebanking.

Verifiquei os saldos (graças a Deus chegava) e cumpridor que sou, procedi ao pagamento.

Fiquei ansioso, mas sem razão: outra carta que acabo de receber da Vodafone trouxe-me o recibo dos 0.50€, garantindo que tudo está bem quando acaba bem.

Mas... quando é que o estado começa a aprender com os bons exemplos dos privados?



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