sexta-feira, abril 09, 2010

A Recuperação

Estávamos nós já descontraídos, com a convicção de que a recuperação desejada e prometida pelos nosso lideres estava a chegar, quando, caídas as canas dos últimos foguetes por termos sido os primeiros a sair da recessão (caramba, quando é que alemães, franceses e outros começam a aprender conosco?), a realidade volta a acordar-nos.

Para o futuro próximo as expectativas de crescimento foram revistas, esperando-se agora um crescimento zero, ou menor.

Dito em português corrente, a recessão continua, e a crise agudiza-se, por se terem já ultrapassado os limites prudentes da intervenção social. Ou seja, se até aqui doeu aos mais de meio milhão de portugueses que perderam o emprego, agora vai doer mais: Mais aos mesmos, que não vão conseguir o sonhado regresso à vida activa, e mais aos outros, a quem já foi garantida uma ida aos bolsos, tímida, por enquanto, mas com grande vocação para crescer. Inevitavelmente.

Estados Unidos e Europa continuam a assobiar para o lado, como se fosse ainda possível tratar o momento que se vive como um ligeiro acidente de percurso, no caminho do progresso e justiça social, e não uma alteração radical no paradigma e modelo macro económico, a exigir novos conceitos e regulamentações.

Quando há quase dois anos escrevi "As árvores que escondem a floresta" traçando o cenário que se vive (melhor dizendo, começou a viver-se), fui apelidade de catastrofista. Infelizmente, cada uma das palavras e das ideias se afigura cada vez mais pertinente.

Neste fanado jardim à beira-mar plantado, fecha-se, liquida-se, abandona-se, tudo subordinado ao cultivo da monocultura tornada imperativo nacional - o optimismo militante.

Alguém adivinha que frutos vai dar esta monocultura?

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